Olá gente! Desculpem!!! Isto atrasou-se devido às férias... muita coisa pa fazer, pouco tempo para a fazer... Era para ter sido publicada a semana passada, por isso peço imensas desculpas! Mas espero que gostem na mesma! =D
Eddie
Parte 2
Eddie abriu
os olhos subitamente quando sentiu uma dor agonizante trespassar-lhe a cabeça.
Tinha caído do sofá de Haley, novamente, e batido com a cabeça na mesa de café que
se encontrava ao lado do sofá. Já era a segunda vez aquela noite que ele caíra
do sofá por causa dos sonhos.
No primeiro,
relembrou o dia em que fugiu de Apollo. Eddie era o cão doméstico de Apollo, treinado
para ser o seu cão de guarda. Só era autorizado a estar na sua forma de liobo,
então, quando fugiu, Karl teve grandes dificuldades em controla-lo. Ele atacava
todos os que encontrava, basicamente, deixou o seu instinto animal tomar conta
dele. Karl, durante estes dois mil anos, apenas teve tempo de lhe ensinar o
básico: como controlar a sua animalidade, como manter-se na sua forma humana.
Tinham dito a Karl que a sua missão era apenas de o manter vivo e mantê-lo sob
controlo, já que não havia mais nada que pudesse fazer por ele. A profecia
ditava que apenas a caçadora o conseguiria domar e, sim, a profecia tornara-se
verdade. Desde que estava na companhia de Haley aprendera bastante. Mas não
conseguia livrar-se daquela maldição que Apollo lhe lançou quando descobriu
onde estava. Ter de ir à rua todos os dias… “Que treta!” Ele pensou.
Eddie caiu do
sofá quando reviveu o feitiço que Apollo lhe lançara. Foi no preciso momento
que o raio lhe caiu em cima, no sonho, que ele caiu do sofá. O sonho tinha sido
tão real que ele saltou inconscientemente. Como ele detestava Apollo e tudo
relacionado com os deuses gregos. Quando Karl o adoptou, deu-lhe uma escolha,
coisa que nunca lhe tinham proporcionado. Ele era livre de escolher a sua
religião. Como Karl era uma espécie de Cristão, ele decidiu ver como era essa
religião, uma vez que já teria lido o livro sagrado enquanto era escravo. Tinha
sido a primeira e última vez que Apollo lhe oferecera alguma coisa e só lho
dera por ver que as blasfémias que aquilo continha não lhe interessavam.
Ele respirou
fundo tentando esquecer o segundo sonho que resultara novamente numa queda.
Respirar fundo não o ajudou a acalmar-se. Ele continuava bastante agitado
porque tinha uma forte sensação que Haley não estava bem. Talvez fosse de não a
ver há mais de 20 horas… Maldita reunião de caçadores. Levantando-se do chão,
ele ponderava se haveria de esperar mais ou ir já atras dela quando um barulho
na cozinha o desinquietou. Cheio de esperanças que fosse Haley, em poucos
segundos já se encontrava na cozinha, apenas para ficar desapontado quando viu
que o barulho provinha de um pequeno roedor que tinha sido capturado numa
ratoeira. Este pensamento fê-lo relembrar logo de imediato o sonho que tinha
acabado de ter que resultara na segunda queda. Esse sonho tinha sido que Haley
estava no meio de uma emboscada e que se encontrava presa numa cela nos
subúrbios da cidade, enquanto o seu caçador pensava qual seria a melhor maneira
de a entregar: se viva ou morta. “Não!” Ele pensou. Mesmo que fosse mentira,
ele iria atrás dela só para ter a certeza de que estava tudo bem, porque ele
não conseguia livrar-se daquela sensação.
Saiu porta
fora, trancando-a, e correu para o fim da rua. Uns trezentos metros mais à
frente, ele estava na entrada da floresta. Transformando-se em liobo e depois
de ter escondido a roupa que Haley lhe comprou numa mochila, atou-a a uma
árvore. Agora seria mais fácil encontrar Haley. Era só seguir o seu rasto. Ela
tinha um aroma a lima misturado com jasmim, madeira e um toque muito ligeiro a
almíscar. Ou seja, irresistível, fresco, activo e não desaparecia facilmente, o
que era mau por um lado porque, se alguém a quisesse matar ou encontrá-la,
fá-lo-ia com muita facilidade. Mas nesse preciso momento, ajudava-o bastante.
Se pelo caminho aparece-se algum un-dead, melhor.
Meia hora e
bastantes quilómetros depois, ele tinha finalmente chegado a uma majestosa casa
que se encontrava a cair aos bocados. A cor, outrora branca nos seus tempos de
glória, agora estava num tom cinzento. Tinha quatro andares e perto de dez
janelas viradas para a frente que estavam todas tapadas com tijolos. A porta da
frente apresentava claramente marcas de que alguém teria forçado a sua entrada.
Mantendo a sua forma de liobo, Eddie aproximou-se da entrada. Ao contrário de
Haley, os un-dead tinham um cheiro a podre e a sangue fresco pouco activo, o
que os tornava mais perigosos porque só dava para dar por eles quando
estivessem dentro do campo de visão. Não havia avisos prévios. Isto seria para
que ninguém encontra-se o seu “ninho” que daria ao sítio onde o chefe se
encontrava. Era um pouco como as abelhas: havia as trabalhadoras que iam
recolher o pólen para fazer o mel e a rainha. Os chefes eram como as rainhas e
os un-dead eram como as trabalhadoras, só que em vez de recolher pólen,
recolhiam “outro pólen”. Pelo que Haley e Karl lhe disseram, esta raça fazia
parte dos caça-recompensas que decorria no subsolo. Se alguém quisesse uma
pessoa ou coisa morta, bastava afixar cartazes e espalhar a mensagem. Dentro de
poucos dias, senão fossem horas (tudo dependia do que fosse a presa), ela seria
capturada. Claro que os un-dead eram só uma parte da rede. Os caça-recompensas
mais inteligentes, normalmente usam os un-dead como isco só para ver se o
predador é forte ou não, pois os un-dead são mesmo estúpidos. O
caça-recompensas chamado Hunter era o pior. Todos tentavam segui-lo apesar de
ser um ídolo para muitos, andava cá há bastantes anos e nunca tinha sido
capturado. Ele era o número um das coisas mais perigosas que havia por aí.
Ninguém sabia exactamente o que ele era, mas todos concordavam que não era
humano… muito longe disso.
Mantendo
todos os sentidos em alerta vermelho, ele entrou. Havia umas armadilhas lá colocadas
que eram para humanos. Naturalmente, eles deviam ter esperanças que fosse um
humano a ir salvar Haley. Saltando habilidosamente por cima delas, Eddie evitou
uma morte ou captura para um humano. Ele, por esta altura, sabia perfeitamente
que o seu segundo sonho não tinha sido um sonho. Quando chegou á gruta onde
tinha sonhado que a Haley se encontrava, estava tudo igual ao sonho com uma
excepção… faltava ela. Ele encontrou a sua M-16 no chão, o que não era bom
sinal… Também estava na gruta um toque de cheiro a podre, o que significaria
que ela não tinha sido levada há muito tempo, logo ainda teria hipótese de a
salvar se chegasse a tempo. No meio do chão encontrava-se uma nota deixada por
Hunter. Dizia:
“Para quem
disser respeito,
Eu raptei a Haley e se o Karl
Gray não aparecer até às oito da noite de hoje, ela morre e de seguida
continuarei a extinguir todos os caçadores até o encontrar.
Hunter”
Após o salto
por cima de algumas armadilhas, Eddie encontrara-se numa encruzilhada. Haviam
escadas para o próximo andar, um corredor à esquerda e outro à direita. O
cheiro a Haley vinha de todas as direcções. Hunter tinha sido cuidadoso mas
isso não o impediria de a salvar. Já se aproximava das nove da manhã e o sol já
começava a brilhar. A luz que entrava pela porta era a única iluminação naquele
sítio sombrio. Ele ainda não se tinha exposto ao sol nesse dia, o que o fez
lembrar que morreria se não fosse a tempo. Também, isso não importaria desde conseguisse
salvar Haley e ainda tinha sete horas pela frente. Tinha de calhar logo no dia
mais curto do ano…
O cheiro encontrava-se
mais intenso na direcção das escadas, por isso Eddie subiu o lance de escadas.
No primeiro andar, encontrava-se o cheiro dela, mais intenso, em todas as
direcções. Ela teria de estar por detrás de uma daquelas quinze portas. Será
que teria de entrar em todas as portas? Lindo, não facilitam nada também…
Ouvindo um
barulho proveniente do andar de cima, ele ficou alarmado, então entrou dentro
da primeira porta á direita. Fechando a porta com o focinho, só teve tempo de
se virar e encontrar três un-dead e a Haley a apontar-lhe uma pistola. Ele não
acreditava no que se passava ali! O que raio estaria ela a fazer a apontar-lhe
uma pistola?? Mesmo que não estivesse a apontar-lhe uma arma, havia qualquer
coisa nela que não estava bem, ela tinha uma saia vestida. Isso não era nada
normal! Ela contara-lhe que detestava estar de saia e que nem conseguia estar
confortável de saia. Ora, aquela imitação barata estava bem confortável! Depois,
também estava satisfeita de estar com uma Glock 17, tendo uma espingarda
micro-SD preta e toda carregada de munições no canto do quarto. A Haley
preferiria a espingarda… Isso então era o mais estranho! Ele não hesitou mais e
atacou-os. A única maneira de Eddie os conseguir matar seria arrancar-lhes a
cabeça com os dentes, que são venenosos para os un-dead. Mas, embora esta
maneira fosse boa, ele preferia a técnica de Haley porque tinha uma munição
especial que assim que perfurava o corpo dos un-dead, libertava umas toxinas,
matando-os. Isto não exigiria qualquer contacto físico que poderia
enfraquece-lo e até mata-lo.
Eddie avançou
para o que se encontrava mais perto dele e, atirando-se a ele, derrubou-o e
conseguiu arrancar-lhe a cabeça, espalhando sangue de um tom entre o vermelho e
o azul pelo chão do quarto. Os outros dois, ao verem o que aconteceu ao amigo,
avançaram para o matar mas ele, tendo reflexos mais rápidos, conseguiu dar uma
patada a ambos, atirando-os ao chão como se fossem dominós. Enquanto ele
tratava desses dois, um outro un-dead entrou. De início tentou proteger a Haley
falsa mas, ao ver o que acontecera ao seu amigo, avançou para o liobo com uma
faca, perfurando-lhe o ombro. Eddie ganiu, cheio de dores. Acabando de matar o
que estava no chão debaixo dele, avançou logo para o da faca, que entretanto se
afastara. Enquanto ele estava entretido com esses dois últimos un-deads do
grupo de quatro, a Haley falsa saiu do quarto e fez soar o alarme. Eddie tinha
acabado de matar o último un-dead que ali se encontrava quando múltiplas coisas
aconteceram.
Uma voz disse
“Alarme silencioso activado”, um ruido numa frequência muito baixa seguiu-se,
provocando-lhe uma forte dor nos ouvidos, fazendo-o mudar de forma e deixar
cair a bolsa que transportava. Neste momento estava com a M-16 e as munições
que encontrou na gruta e os medicamentos que Karl lhe dera. O cheiro intenso a
Haley que vinha de todo o lado deixou de existir, deixando apenas um rasto.
Ouviu-se o
que parecia um tremor de terra a descer as escadas. Eddie só teve tempo de
vestir umas calças que estavam num roupeiro lá do quarto e agarrar na M-16 da
Haley. Naquilo, estavam uns dez un-deads na entrada do quarto. Eddie começou a
disparar sobre eles. Tinha de apontar para a cabeça. Esse era o ponto fraco
deles porque, embora as munições libertassem toxinas mortíferas, demorariam
cerca de meia hora a morrer e neste momento todo o tempo era precioso. “Graças
a deus que aquela arma era automática,” pensou ele. Nunca tinha usado uma arma,
mas tinha visto um filme com Haley onde percebera como se fazia.
Depois de ter
acabado com a vida daqueles un-deads, ele muniu-se das balas que estavam na sua
bolsa, que estava caída no chão. Agora que tinha um pouco mais de sossego,
reparou que em cima de uma cama estavam mais meia dúzia de armas que, pelo
aspecto, ainda trabalhavam. Ele agarrou numa das M-16 que estavam a cair de
podre… que irónico seria deixar este quarto com catorze corpos que cheiravam a
podre, num quarto que já estava todo podre. Ele iria deixa-los no seu lugar
legitimo.
Uma vez que a
ferida do seu ombro já estava quase curada, devido a um líquido dourado que
Karl lhe dera para curar feridas rapidamente, ele pôs a M-16 da Haley
atravessada às costas a correia a passar de um lado ao outro do seu torso na
diagonal. Agarrou na outra, que tinha pousado para se consertar, e retomou a
sua busca.
Saiu do
quarto, seguindo o rasto que sobrou após a activação do alarme. O seu olfacto
não era tao forte enquanto humano como enquanto liobo mas era o suficiente para
notar aquele cheiro no ar.
Quando chegou
ao fim do corredor, ainda seguindo o rasto, havia mais um par de escadas. A
única luz que as iluminava era o âmbar do alarme silencioso, que piscava como
uma sirene da polícia.
Com a arma pronta
a disparar, Eddie avançou pelas escadas, um degrau de cada vez, para que não
cai-se nalguma armadilha que ali estivesse. Quando chegou ao topo das escadas,
encontrava-se uma porta que abria para dentro. Pegando na maçaneta com a mão
esquerda e na arma com a direita - dedo no gatilho – Eddie abriu a porta para
encontrar mais um corredor vazio. Suspirando, avançou para o lado direito,
sempre seguindo o rasto de Haley. Ao terceiro passo que deu, ficou
repentinhamente cercado por Haleys, todas com os seus revolver apontados à cabeça
dele.
- Olha quem
nos veio visitar! Uma amostra de guerreiro. Ahhhh o Karl esta mesmo a ficar
velho, já não treina como antes, como no meu tempo. Como as coisas mudaram…”
“Antigamente
o Karl ainda dava luta quando capturava alguém das suas forças especiais com
prémio na cabeça. Mandava um grupo ou dois dos suas elites capturar-me, claro
que falhava e ainda ficava sem eles, mas olha, ao menos, entrego duas cabeças pelo
preço de uma, das quais, uma é tão preciosa quanto Karl… ou talvez vos mate
para o atrair, ainda estou por decidir. Claro que se o Karl aparecer em pessoa
vocês iriam morrer sem qualquer tortura – Continuou a voz mas com isto, um homem de
cabelo de fogo, olhos verdes profundos, penetrantes, assustadores, apareceu
entre as Haleys. Tinha uma presença determinada, uma pose de comandante, seguro
de si mesmo. Estava sem dúvida na companhia do ilustre Hunter.
Três Haleys
entraram para o meio do círculo em que me encontrava e obrigaram-me a pôr de
joelhos, amarrando-me com uma corda. Por segundos, Eddie pensou que o fossem
executar ali mesmo. Bem, tinha tido uma vida longa, preenchida… ahhh quem estaria
ele a enganar! A vida dele tinha sido uma autêntica porcaria, durante séculos
desejara nunca ter sido nascido. “Uma aberração!” Sempre lhe chamaram e com
razão. Um cruzamento entre um lobo e um leão, imortal e com o poder de se
metamorfosear para humano. Nem era o rei da selva, nem o da noite, nem o do
dia. Ele não era nada até conhecer Haley. Tanto mudara… Esperança nascera.
Coisa que lhe era desconhecida. Simplesmente vagueava pelo tempo, fazendo os
recados ocasionais do seu “pai” Karl. Agora estava perto do seu fim. Grande
diferença que faria…
Um dos
un-dead, muitíssimo mal vestido, a tentar imitar um executador do século
dezasseis quebrou o círculo. Trazia na sua mão um machado de guerra. O seu cabo
era feito de madeira escura envernizada e a sua lâmina, que brilhava como a
prata, continha uma espécie de símbolo celta da natureza. Naquilo um un-dead
veio a correr com um pergaminho na mão. Hunter desviou a sua atenção do que se
passava. Abriu o pergaminho e um ar aborrecido espalhou-se pela sua face. Ele
suspirou e mandou o executador embora. Este, de tão zangado que estava por não
trabalhar, mandou o machado contra a parede, cortando a cabeça de uma das
Haleys ao meio, e foi-se embora. Após isso, Hunter mandou as Haleys livrarem-se
dele, ou melhor, porem-no numa cela à espera de novas ordens.
- Hunter… -
Eddie conseguiu balbuciar, captando a atenção do caça recompensas.
- Ah, afinal
não sou tão anónimo como a tua colega dizia. Sempre há boatos, é bom saber.
Eddie tentou
libertar-se das cordas quando Hunter foi para uma sala, mas a cada momento que
passava, sentia as suas forças a sumirem-se. Também nunca conseguiria lutar
contra as Haleys, mesmo que fossem só clones. Ele era incapaz de a ferir, mesmo
que isso possivelmente o matasse. De repente, uma luz acendeu-se na sua cabeça
e uma ideia surgiu-lhe mas no momento seguinte tudo se apagou. Eddie recebera
uma pancada na cabeça que o deixara inconsciente.