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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Conto de Natal 2: Matilde


Todos os anos a Matilde sentava-se no chão e desembrulhava os presentes que os seus familiares lhe davam, rodeada de amor, carinho e felicidade. Ela adorava escrever a carta com os brinquedos que queria e pô-la num marco de correio para ser enviada para o Pai Natal.
Naquele ano, não foi diferente. Era véspera de Natal, e a Matilde estava distraída a brincar com umas bonecas, ansiosa para que chegasse a noite, quando a sua mãe entrou no seu quarto e lhe pediu para que lhe mostrasse os brinquedos que ela já não usava.
A Matilde não percebeu o porquê mas começou a dividir os seus brinquedos em dois conjuntos: os que ela gostava, e os que não gostava. Depois olhou para a mãe e ficou a observá-la a colocar os brinquedos que ela já não queria para dentro de uma caixa de plástico.
- O que estás a fazer? – Quis Matilde saber.
- Vamos arrumar os brinquedos que tu já não usas e dá-los a outros meninos que os vão utilizar.
Matilde correu atrás da sua mãe e impediu-a de sair do seu quarto. Gritou:
- Não quero dar os meus brinquedos a nenhuma criança porque eles são meus!
A mãe de Matilde sorriu e pousou a caixa de plástico no chão. Ajoelhou-se e agarrou numa das mãos de Matilde.
- Eu sei que os brinquedos são teus, Matilde, mas tu já não os usas não é verdade?
A pequena Matilde abanou a cabeça e disse:
- Eu uso-os. Não quero que os dês a ninguém!
A mãe suspirou e continuou:
- E se tu viesses comigo? Conheces os meninos a quem eu ia dar os brinquedos, e depois decides se queres ficar com eles ou não. Concordas?
A Matilde concordou. Vestiu um casaco bem quentinho e caminhou, ao lado da mãe, até uma grande casa com uma coroa feita de ramos verdes e laços vermelhos, na porta.
Quando entraram, a Matilde reparou na quantidade de meninos e meninas que enfeitavam várias pequenas árvores de Natal. Por momentos a Matilde sentiu-se envergonhada porque não conhecia ninguém, mas avançou e ajudou as crianças a colocarem as bolas, fitas e anjinhos nas árvores.
Depois de se divertirem com os enfeites foi distribuído, a cada pessoa, uma caneca com chocolate quente. Matilde sentou-se ao lado de um rapaz, ganhou coragem e perguntou-lhe:
- Porque é que estão aqui tantos meninos?
A criança olhou para ela e sorriu. Contou-lhe que muitas daquelas crianças não tinham pais porque estavam no céu, ou porque não queriam os filhos. A Matilde não gostou do que ouviu e correu para junto da mãe. Sussurrou-lhe ao ouvido o que o rapaz lhe tinha contado e disse que tinha muita pena deles.
A mãe de Matilde explicou-lhe que não deveria ter pena, porque aquelas crianças estavam felizes porque tinham um lar, e contou-lhe que eles não iam ter presentes de Natal porque não tinham muito dinheiro.
A Matilde ficou a pensar nas palavras da mãe, e lembrou-se que não havia embrulhos em baixo das árvores de Natal então tomou uma decisão, porque todas as crianças tinham que receber brinquedos no dia de Natal.
Arrastou a caixa com os brinquedos, que estava perto da cozinha, até à grande sala e gritou: brinquedos para todos! As crianças sorriram e correram para a grande caixa de plástico que Matilde lhes estava a entregar.
Quando regressou a casa, a Matilde ainda estava a pensar nas crianças que viviam sem os pais mas sabia que elas, naquele momento, estavam mais felizes, porque tinham os seus próprios brinquedos.

Continuação de boas festas...
Nota: Este conto foi escrito pela colaboradora Patrícia Ferreira, mas ela não teve tempo de o vir postar. Por isso postei eu.