Noite de lua nova,
perfeita para caçar.
Com a visibilidade
praticamente nula, o alce juvenil apenas se pode orientar através
da sua audição e olfacto apurados, mas isso hoje não
lhe vai servir de nada. O vento está a meu favor e sou
praticamente inaudível.
Comendo a relva
verde dos fins de outono, o alce está distraído. É a
altura perfeita.
Com um lance
rápido, o alce apenas se apercebe de mim quando a minha boca
está a centímetros do seu pescoço. Com um golpe rápido
mordo-lhe o pescoço e fazendo força separo-lhe a
espinha, morrendo quase de imediato, o alce esvaíra-se em sangue.
Enquanto a carne
ainda está quente devoro-lhe as coxas traseiras, onde a carne
é mais tenra e menos gordurenta, raspando a pele com as patas.
Termino a minha enorme refeição a meio, já
satisfeita.
Não escondo
o cadáver meio comido. Em tempos de escassez teria de o esconder para
depois o comer, contudo, aqui, em Anchorage, no Alasca, os alces
abundam, sendo mesmo considerados uma praga destrutiva.
Oiço um uivo
distante, seguido de outro, e uivo também. São os meus pais e
chegou a hora de ir para casa.
Correndo pela
bonita floresta perto dos subúrbios, aprecio a sensação
maravilhosa do vento no meu pelo preto.
Não demorei
mais de cinco minutos até chegar à borda que separa a
civilização da floresta, onde já lá está
um enorme lobo preto do tamanho de um urso polar à minha
espera, também conhecido por Laurence Wolford, banqueiro e meu pai.
Pelo sangue no seu focinho, patas e barriga tinha feito uma excelente
matança. Um lobo castanho chocolate muito mais pequeno que o
meu pai e ligeiramente mais pequeno do que eu, a minha mãe, tinha
chegado, e trazia um monte de roupas que estavam escondidas debaixo
de uns arbustos, na boca.
Transformámo-nos.
Apesar de ser um pouco constrangedor vestirmo-nos à frente dos
nossos pais, para mim, já é habitual. Desde que era uma
criança de sete anos, que quase nem à cintura do meu
enorme pai de dois metros chegava, já andava a caçar
coelhos e outros pequenos animais.
Fomos para o SUV do
meu pai até à nossa simples mas espaçosa casa.
Depois de um longo,
quente e delicioso banho fui-me deitar e aterrei logo.
A Fome está
saciada...pelo menos por agora, ela volta sempre.
Espero que gostem!